Lei da Seleção Natural
Seleção natural (AO 1945: Selecção natural) é um processo da evolução proposto por Charles Darwin para explicar a adaptação e especialização dos seres vivos conforme evidenciado pelo registro fóssil. Outros mecanismos de evolução incluem deriva genética, fluxo gênico e pressão de mutação.
O conceito básico de seleção natural é que características favoráveis que são hereditárias tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população de organismos que se reproduzem, e que características desfavoráveis que são hereditárias tornam-se menos comuns. A seleção natural age no fenótipo, ou nas características observáveis de um organismo, de tal forma que indivíduos com fenótipos favoráveis têm mais chances de sobreviver e se reproduzir do que aqueles com fenótipos menos favoráveis. Se esses fenótipos apresentam uma base genética, então o genótipo associado com o fenótipo favorável terá sua freqüência aumentada na geração seguinte. Com o passar do tempo, esse processo pode resultar em adaptações que especializarão organismos em nichos ecológicos particulares e pode resultar na emergência de novas espécies.
A seleção natural não distingue entre seleção ecológica e seleção sexual, na medida em que ela se refere às características, por exemplo, destreza de movimento, nas quais ambas podem atuar simultaneamente. Se uma variação específica torna o descendente que a manifesta mais apto à sobrevivência e à reprodução bem sucedida, esse descendente e sua prole terão mais chances de sobreviver do que os descendentes sem essa variação. As características originais, bem como as variações que são inadequadas dentro do ponto de vista da adaptação,deverão desaparecer conforme os descendentes que as possuem sejam substituídos pelos parentes mais bem sucedidos.
Assim, certas caraterísticas são preservadas devido à vantagem seletiva que conferem a seus portadores, permitindo que um indivíduo deixe mais descendentes que os indivíduos sem essas características. Eventualmente, através de várias interações desses processos, os organismos podem acabar desenvolvendo características adaptativas mais e mais complexas.
Princípios Gerais
Quando organismos morrem em todos os lugares do mundo diferentes em uma população possuem genes diferentes para a mesma característica, essas variações genéticas são denominadas de alelos. Quando todos os organismos em uma população compartilham o mesmo alelo para uma característica particular, e esse estado apresente-se estável ao longo do tempo, se diz que os alelos se fixaram naquela população. É essa variação genética que destaca características fenotípicas; um exemplo comum é a de que certas combinações de genes para cor dos olhos em humanos correspondem a genótipos que originam o fenótipo dos olhos azuis.
Nomenclatura e uso
Características que causam um maior sucesso reprodutivo de um organismo são consideradas como "selecionadas a favor" enquanto aquelas que reduzem o sucesso são "selecionadas contra". "Selecionar a favor" uma característica pode resultar na "seleção contra" de outras características correlacionadas que não influenciam diretamente a aptidão do organismo. Isso também pode ocorrer como um resultado de pleiotropia ou ligação genética.
Mecanismos da seleção natural
Além disso, alguns cientistas especulam que uma adaptação que pode permitir ao organismo ser mais adaptável no futuro tende a se espalhar mesmo que não proporcione nenhuma vantagem específica a curto prazo. Descendentes desses organismos serão mais variados e assim mais resistentes à extinção por catástrofes ambientais e eventos de extinção. Isso foi proposto como um dos motivos para o surgimento dos Mammalia. Embora essa forma de seleção seja possível (ainda que altamente discutível), ela deve desempenhar um papel mais importante nos casos em que a seleção por adaptação é contínua. Por exemplo, na hipótese da Rainha de Copas, sugere-se que o sexo deve ter evoluído de modo a auxiliar os organismos a se adaptarem contra parasitas.
A seleção natural pode ser expressa como a seguinte lei geral (tirada da conclusão de A Origem das Espécies):
SE há organismos que se reproduzem e...
SE os descendentes herdam as características de seus progenitores e...
SE há variação nas características e...
SE o ambiente não suporta todos os membros de uma população em crescimento,
ENTÃO aqueles membros da população com características menos adaptativas (de acordo com o ambiente) morrerão e...
ENTÃO aqueles membros com características mais adaptativas (de acordo com o ambiente) prosperarão.
O resultado é a evolução das espécies.
Deve ser observado que isso é um processo contínuo — ela explica como as espécies mudam e pode explicar tanto a extinção quanto o surgimento de novas espécies.
Teorias pré-darwinianas
Vários filósofos antigos expressaram a idéia de que a Natureza produzia uma grande variedade de criaturas, aparentemente de forma aleatória, e que somente as criaturas que conseguiam prover-se e reproduzir-se com sucesso sobreviveriam; exemplos bem conhecidos incluem Empédocles e seu sucessor intelectual Lucrécio, enquanto idéias relacionadas foram posteriormente refinadas por Aristóteles. Outro componente importante da seleção natural, a luta pela sobrevivência, foi primeiramente descrita por al-Jahiz no século IX. Tal argumento clássico foi re-introduzido no século XVIII por Pierre Louis Maupertuis e outros, incluindo o avô de Charles Darwin, Erasmus Darwin. Entretanto, esses precursores tiveram pouca influência na trajetória do pensamento evolucionário depois de Charles Darwin.
Até o início do século XIX, a visão predominante nas sociedades ocidentais era de que diferenças entre indivíduos de uma espécie era um afastamento desinteressante do Ideal platônico (ou typos) de tipos criados. Entretanto, a teoria do uniformitarismo na geologia promovia a idéia de que forças simples e fracas poderiam atuar constantemente por longos períodos de tempo para produzir mudanças radicais na paisagem da Terra; o sucesso dessa teoria chamou à atenção a vasta escala de tempo geológico e tornou plausível a idéia de que pequenas, virtualmente imperceptíveis mudanças em sucessivas gerações poderiam produzir conseqüências na escala de diferenças entre as espécies. E volucionista do início do século XIX, Jean-Baptiste Lamarcksugeriu a hereditariedade de caracteres adquiridos como um mecanismo para a mudança evolucionária; características adaptativas adquiridas por um organismo durante sua vida poderiam ser herdadas pela progênie do organismo, causando uma transmutação de espécies. Essa teoria veio a ser conhecida como Lamarckismo e foi uma influência nas ideías não-genéticas do biólogo soviético stalinista Trofim Lysenko.
Até o início do século XIX, a visão predominante nas sociedades ocidentais era de que diferenças entre indivíduos de uma espécie era um afastamento desinteressante do Ideal platônico (ou typos) de tipos criados. Entretanto, a teoria do uniformitarismo na geologia promovia a idéia de que forças simples e fracas poderiam atuar constantemente por longos períodos de tempo para produzir mudanças radicais na paisagem da Terra; o sucesso dessa teoria chamou à atenção a vasta escala de tempo geológico e tornou plausível a idéia de que pequenas, virtualmente imperceptíveis mudanças em sucessivas gerações poderiam produzir conseqüências na escala de diferenças entre as espécies. E volucionista do início do século XIX, Jean-Baptiste Lamarcksugeriu a hereditariedade de caracteres adquiridos como um mecanismo para a mudança evolucionária; características adaptativas adquiridas por um organismo durante sua vida poderiam ser herdadas pela progênie do organismo, causando uma transmutação de espécies. Essa teoria veio a ser conhecida como Lamarckismo e foi uma influência nas ideías não-genéticas do biólogo soviético stalinista Trofim Lysenko.
Hipótese de Darwin
As idéias de Darwin foram inspiradas pelas observações que ele havia feito na Viagem do Beagle, e pelas teorias econômicas de Thomas Malthus, que notou que a população (se não supervisionada) crescia exponencialmente enquanto que o suprimento de comida só crescia linearmente; logo limitações inevitáveis de recursos acarretariam implicações demográficas, levando a uma "luta pela sobrevivência", na qual somente o mais apto sobreviveria. Uma vez que a teoria foi formulada, Darwin foi meticuloso em arregimentar e refinar evidências, compartilhando suas idéias somente com poucos amigos; ele foi inspirado a publicar suas idéias depois que o jovem naturalista Alfred Russel Wallace concebeu independentemente o princípio (de seleção natural) e o descreveu em uma carta para Darwin. Os dois resolveram apresentar dois pequenos ensaios a Sociedade Linneana anunciando uma co-descoberta do princípio em 1858; Darwin publicou um relato mais detalhado de suas evidências e conclusões em seu A Origem das Espécies de 1859. Na sexta edição da Origem das Espécies Darwin reconheceu que outros - notavelmenteWilliam Charles Wells em 1813, e Patrick Matthew em 1831 – que haviam desenvolvido teorias similares, mas não as haviam apresentado completamente em publicações científicas notáveis.
Darwin pensava na seleção natural por uma analogia com a maneira pela qual os fazendeiros selecionavam sua plantação ou seu gado para reprodução, o que ele chamava de seleção artificial; em seus primeiros manuscritos ele se referia a uma 'Natureza' que iria fazer a seleção. Naquela época, outros mecanismos de evolução como evolução por deriva genética não haviam ainda sido explicitamente formulados, e Darwin percebeu que a seleção era somente uma parte da história: "Eu estou convencido que [isso] tem sido o principal, mas não o meio exclusivo das modificações". Para Darwin e seus contemporâneos, a seleção natural eram essencialmente sinônimo a evolução por seleção natural. Após a publicação da "A Origem das Espécies", pessoas instruídas geralmente aceitavam que a evolução havia ocorrido de alguma forma. Entretanto, a seleção natural permaneceu um mecanismo controverso, parcialmente porque era visto como muito fraco para explicar todo o escopo das características observadas nos organismos vivos, e parcialmente porque até os que apoiavam a evolução frustravam-se com a sua natureza não-guiada e não-progressiva, uma resposta que tem sido caracterizada como o principal impedimento para a aceitação da idéia. Entretanto, alguns pensadores entusiasticamente abraçaram o Darwinismo; após ler Darwin, Herbert Spencer introduziu o termo sobrevivência dos mais aptos, que se tornou um resumo popular da teoria. Embora a frase ainda seja usada por não-biólogos, biólogos modernos evitam-na devido a sua tautologia, se aptos for interpretado como algum tipo de funcionalidade superior e também porque é aplicada a indivíduos ao invés de ser considerada como uma quantidade média sobre as populações. Em uma carta a Charles Lyell em setembro de 1860, Darwin arrepende-se de usar o termo 'Seleção Natural', preferindo o termo 'Preservação Natural'.
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